A desvalorização do nosso ouro

Quando se fala de América no ensino fundamental e médio se tem pouco cuidado com o que ficará do conteúdo para esses alunos no futuro. É um fato que poucas pessoas se recordam do que lhes foi ensinado, a importância das sociedades que já existiam aqui antes da chegada dos espanhóis, como se deu a chegada, a colonização e o pós colonização.

Como foram as relações indígenas x europeu? Quais as consequências e a importância dessa "descoberta do Novo Mundo"?

É uma crítica a esse ensino que valoriza muito mais as questões políticas, econômicas e sociais europeias e pouco a nossa. Numa rápida pesquisa informal com colegas do ensino médio, pude perceber que o que mais recordam deste período nas aulas de história são o período medieval, feudal, imperialista, mas nada sobre a colonização americana.

Acredito que para nós latinos e americanos, o mais importante seria o desbravamento da nossa própria história, sem desmerecer a História do mundo como todo. Mas de fato conhecer nossas civilizações mortas e ainda vivas que nasceram na américa e fazem parte do que somos hoje, tanto quanto os colonizadores que chegaram aqui.

Há uma necessidade de se ensinar quem são as sociedades indígenas, qual sua cultura, religião, economia antes da chegada desses europeus, e após a sua chegada. Ensinar principalmente hoje como estão, como vivem e sobreviveram as atrocidades, misturas, aculturação, mas também aos benefícios de que se valeram quando aprenderam a viver de uma forma mais globalizada.

Precisa haver uma maior preocupação das escolas e do professor, desde que se pense nisso como um todo, em que o alunos, desde o início de sua vida escolar, onde a história passa a ser uma disciplina relevante, a inserção da importância dos nossos indígenas na sociedade atual, explorando o conhecimento que se tem antes, durante e depois da chegada dos espanhóis nas terras da América.

Explorar as sociedades através de documentários, músicas indígenas e lendas das quais a sociedade se vale. Trabalhar isso em aula mostrando aos alunos o quanto isso está inserido até os dias atuais na nossa cultura. Fazendo desaparecer o preconceito que há na sociedade atual em achar que o índio é aquele ser estigmatizado que vive nas florestas, nus, caçando, colhendo, mas sim o homem atuante que trabalha, vai a escola, faz faculdade.

Acredito que este seria um trabalho longo, que não deve ser realizado apenas um ano curricular, e nem apenas na data comemorativa do dia do índio. E sim deveria fazer parte do plano de aula de todas as escolas, em que se possa revalidar a cada ano um pouco da história, para que como adulto formado seja capaz de entender a importância das nossas primeiras sociedades que aqui nasceram.

Saídas de campo com os alunos para que possam conhecer as aldeias indígenas que nos rodeias e perceber o quão próximo de nós eles estão. Rodas de conversa, ouvir o que eles tem a nos dizer e perceber que são iguais a qualquer um de nós.

Acho de extrema importância essa aproximação. Os brasileiros, e principalmente aqui na nossa região sul, temos a tendência a valorizar tudo o que é de fora, o europeu, o americano, como se nossa história e cultura não fosse tão bonita ou elaborada como as outras. É preciso mudar desde cedo este pensamento para que se aprenda e se multiplique esse aprendizado, acabando com o preconceito.

A cultura Inca, Asteca, Maias, Tupis, Guaranis, Apache, Cherokee e todos os outros são ricas, complexas, importantes e fazem parte da nossa história americana. A nossa História não está desligada da deles, e nem somos frutos apenas dos europeus que aqui chegaram. Muito pelo contrário, ainda é possível ver, ouvir e sentir muito do que deles vieram e está arraigado na nossa cultura atual. Palavras, temperos, comida, músicas, arte, vestimentas, tudo está inserido, e é isso que nossos futuros alunos precisam entender para que se aumente a tolerância, a valorização e o entendimento de quem são os indígenas nas nossas vidas, os indígenas são o nosso ouro.

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